A relação entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente venezuelano Nicolás Maduro tem se deteriorado desde o início do mandato de Lula. Inicialmente marcada por uma reaproximação diplomática, a relação sofreu abalos significativos devido a divergências políticas e eleitorais.
Logo após assumir a presidência, Lula buscou restabelecer os laços com a Venezuela, rompidos durante o governo de Jair Bolsonaro. Em janeiro de 2023, o Brasil reabriu sua embaixada em Caracas, sinalizando um novo capítulo nas relações bilaterais. No entanto, a situação política na Venezuela, especialmente as eleições presidenciais, começou a criar tensões.
Maduro, que enfrentou uma eleição contestada em julho de 2024, foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela com 51,2% dos votos. A oposição venezuelana e observadores internacionais questionaram a transparência do processo, acusando o governo de fraudes e exclusão de candidaturas opositoras. O Brasil, por sua vez, pediu a publicação integral das atas eleitorais, mas ainda não reconheceu oficialmente o resultado.
A relação entre os dois líderes começou a se desgastar publicamente. Em maio de 2023, durante uma cúpula de líderes sul-americanos em Brasília, Lula e Maduro trocaram elogios e reafirmaram a importância da cooperação regional. Lula defendeu Maduro contra críticas internacionais, destacando a necessidade de a Venezuela construir sua própria narrativa.
No entanto, as declarações de Maduro sobre um possível “banho de sangue” caso perdesse as eleições alarmaram Lula e o governo brasileiro. Essas falas foram vistas como uma ameaça à estabilidade regional e à democracia, levando a um distanciamento entre os dois presidentes.
Celso Amorim, assessor especial de Lula para relações exteriores, foi enviado a Caracas para acompanhar os desdobramentos eleitorais e manter o diálogo com Maduro. Amorim reforçou a necessidade de transparência no processo eleitoral venezuelano, mas a situação continuou tensa.
A relação entre Brasil e Venezuela, que havia sido retomada com entusiasmo, agora enfrenta um impasse. Lula, que inicialmente defendeu Maduro, passou a adotar uma postura mais cautelosa, pedindo por eleições livres e justas na Venezuela. A pressão internacional e as críticas internas também influenciaram essa mudança de postura.
Em conversas telefônicas anteriores, Lula e Maduro discutiram temas como sanções dos Estados Unidos, fornecimento de energia e a dívida venezuelana com o Brasil. No entanto, as recentes tensões eleitorais colocaram em xeque a continuidade dessa cooperação.
A situação atual reflete a complexidade das relações diplomáticas na América do Sul, onde alianças políticas podem rapidamente se transformar em fontes de conflito. A relação entre Lula e Maduro, que começou com promessas de integração, agora enfrenta desafios significativos que podem redefinir a política externa brasileira na região.